sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Soneto de Glauco Mattoso em Tributo a Zéu Britto

Amigos, aqui vai meu tributo em soneto ao Britto, como venho fazendo a todos que me impressionam pela arte sem freios politicamente correctos nem concessões à censura esthetica dictada pelo bom gosto vigente.
Cumprimentos e felicitações do GLAUCO.


Bonde Fogoso (ao Zéu Britto)

Si, quando me queimei, ardeu-me o dedo,

ja posso imaginar o que tu vaes

sentir si eu te puzer fogo! Que mais

deleita um bruxo sadico sem medo?

Te amarro e liberdade não concedo,

ainda que me implores! Infernaes

e ardentes labaredas, que jamais

sentiras, sentirás! E ainda é cedo!

Primeiro, deleitar-me aos poucos busco

e, emquanto a pelle allivio ja reclama,

em ponctos isolados te chammusco!

Depois que me chupares (e quem mamma

não chora), accenderei, num gesto brusco,

o isqueiro! Sobe, chamma! Sobe, chamma!

Glauco Mattoso



Glauco Mattoso é poeta, ficcionista, ensaísta e articulista em diversas mídias.
Pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva (paulistano de 1951),
o nome artístico trocadilha com "glaucomatoso" (portador de glaucoma, doença congênita que lhe acarretou perda progressiva da visão, até a cegueira total em 1995), além de aludir a Gregório de Matos, de quem é
herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.
http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/

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