"Fazer cinema é trabalhar com a fantasia"
O que lhe seduziu no convite feito para participar do curta A Pizza?
Sabemos da dificuldade financeira da maioria dos cineastas e documentaristas brasileiros para desenvolverem seus projetos. Este também foi um atrativo para você participar de um filme com baixo orçamento?
Também. Sou um artista compé no set; sempre fiz cinema, todos os tipos: patrocinado, tendo mega mídia, filmes caseiros, pilotos cult, enfim, e sempre me surpreendo com o resultado das fitas de baixo orçamento. Parece que a vontade de botar para lascar é tanta que sai muito bom. Quero fazer parte do que é bom, tematicamente falando. O que adianta ter muito dinheiro para realizar e a história não funcionar com o público?
A partir do roteiro e das conversas iniciais com o diretor, qual sua expectativa para este trabalho, no quesito da produção, divulgação e reconhecimento por parte do público e crítica?
O roteiro do curta é conciso, firme nas convicçôes, bem escrito mesmo e isso já é a metade do caminho. O Fábio é um querido, disse que já pensava em mim pra fazer o personagem há muito tempo, fiquei feliz demais. É uma grande responsabilidade, mas ele logo me tranquilizou quanto à equipe e ao tempo de filmagem. E quando o cronograma fica amarradinho e tem profissionais competentes na área# fazer cinema é se desligar deste mundo e inventar outro; é trabalhar com a fantasia! Quanto à divulgação eu creio que se o filme prende a atenção, é bem filmado, bem musicado, como acho que será o caso do nosso, não tem jeito: acaba cativando público e crítica, além de experimentar uma bela carreira nos festivais.
Foi inusitado ou é costumeiro você receber convite para trabalhar projetos cinematográficos em cidades com pouca tradição no cinema?
Graças a Deus acontece muito. É uma oportunidade de juntar sua experiência com a de outras pessoas, outros sotaques, outras maneiras de fazer, e que bom ver o cinema acontecendo de Norte a Sul. Toda vez que eu for chamado e acreditar na história farei parte da aventura cinematográfica com certeza. A tradição vem da recorrência de trabalhos, dos cursos profissionalizantes, das mesas de debate, mesmo que essa mesa esteja num bar, tem que debater, tem que fazer bastante e se esmerar cada vez mais. Isso acaba estimulando jovens cineastas e uma nova galera de roteiristas a construir um outro panorama.
O que você achou do personagem que foi convidado a interpretar? Você já pensou em alguma linha de intepretação pra ele?
Eu já fiz bandido atrapalhado duas vezes, no filme A Guerra dos Rocha e no Sítio do Pica-Pau Amarelo, só que esse personagem agora é uma mistura muito doida; ele não é o atrapalhado clichê; ele surpreende. Vou adorar isso! O diretor já me permitiu viajar, e essa liberdade para compor é essencial.
Você tem trabalhos no teatro, TV e cinema. E no cinema, longas-metragem e curtas. Qual atividade lhe dá mais prazer?
Tudo isso que você citou dá muita alegria: são brincadeiras profissionais que aos poucos formam um mosaico agradável de ver; é uma sina passar por tudo; toda vida eu quis isso. Juro que não conseguiria destacar uma só atividade, preciso delas todas e ainda mais da música e da escrita. Quando me permitem utilizar todas no mesmo trabalho é quando estou de fato em casa.
Fonte: Diário de Natal
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