Uma análise das músicas que movem o Carnaval de Salvador mostra que elas estão atreladas ao erotismo. A composição das letras, em especial, têm o humor picante como característica principal. “A música baiana sempre teve muita brincadeiragem. Isto é uma característica da cultura popular”, diz o antropólogo e professor da Ufba Roberto Albergaria.
A brincadeira esteve presente nas letras das músicas de forró e de lambada, mas a linguagem era mais inocente, mesmo com as insinuações eróticas pautadas pelo duplo sentido.“Herdei da música nordestina essa possibilidade de fazer uma letra de duplo sentido, mas de forma sutil”, afirma Luiz Caldas, considerado o pai da axé music.
No entanto, nos últimos anos, as letras, principalmente as de pagode, ficaram mais sexualizadas. “O que explica isso é a ditadura do sucesso. Podemos dizer que o axé é para dançar e o pagode é para esculhambar. O problema é que ele entrou num excesso, estão repetindo muito a forma”, completa.
A música Liga da Justiça, da banda LevaNóiz, que se tornou sensação, repete a lógica mercadológica. “A composição surgiu a partir das músicas que fizeram sucesso no Carnaval do ano passado”, afirma J. Telles, que criou a música em parceria com Márcio Victor, cantor da banda Psirico.
Mercado - O pagode saiu dos bairros populares de Salvador e do Recôncavo para ganhar a mídia nacional. “O que se verifica é uma espetacularização dessa cultura. A letra, ainda que seja ofensiva, fica submetida ao ritmo que embala o corpo e se reflete apenas como palavras soltas sem conotações desqualificadoras para os seguidores desse gênero musical”, diz o professor da Ufba Clebemilton Gomes, que tem um estudo sobre a leitura do corpo feminino a partir dos pagodes baianos.
Segundo Gomes, o ritmo envolvente das músicas, em alguns casos, sobrepõe as letras sugestivas e são fruídas com naturalidade. No Carnaval do ano passado, por exemplo, Lobo mau, do grupo O Báck, foi uma das músicas mais tocadas e causou polêmica por conta de versos como “Vou te comer/sou o lobo mau”. Houve até quem visse nela incentivo à pedofilia.
Já Céu da boca, de 1989, do grupo Frutos Tropicais, foi regravada por Ivete Sangalo, ganhou participação de Gilberto Gil e foi mais longe: em 2008, acabou entoada pelo irlândes Bono Vox, do U2, durante a sua visita ao Carnaval de Salvador.
Recital - A faceta humorística das músicas carnavalescas virou até tema de um espetáculo teatral, intitulado Novíssimo Recital da Poesia Baiana, da companhia Los Catedrásticos, em 1998. Os atores recitavam as músicas cantadas nos trios elétricos. “Antes, as músicas já tinham o humor feliz. Agora elas são transcedentais”, diz aos risos, o ator Zéu Brito, que fez parte da companhia.
Além das letras, o pagode baiano é também marcado por coreografias que mesclam irreverência e malícia. Coreografias que remetem ao ato sexual é um nincho sempre explorado. “O sexo faz parte de tudo que fazemos. Não vejo problema em falar ou representar isso”, acrescenta Robson Adorno, vocalista da banda Black Style e compositor dos hits Rala a tcheca no asfalto e Amassa a latinha com a bunda.
Fonte: A TARDE
A brincadeira esteve presente nas letras das músicas de forró e de lambada, mas a linguagem era mais inocente, mesmo com as insinuações eróticas pautadas pelo duplo sentido.“Herdei da música nordestina essa possibilidade de fazer uma letra de duplo sentido, mas de forma sutil”, afirma Luiz Caldas, considerado o pai da axé music.
No entanto, nos últimos anos, as letras, principalmente as de pagode, ficaram mais sexualizadas. “O que explica isso é a ditadura do sucesso. Podemos dizer que o axé é para dançar e o pagode é para esculhambar. O problema é que ele entrou num excesso, estão repetindo muito a forma”, completa.
A música Liga da Justiça, da banda LevaNóiz, que se tornou sensação, repete a lógica mercadológica. “A composição surgiu a partir das músicas que fizeram sucesso no Carnaval do ano passado”, afirma J. Telles, que criou a música em parceria com Márcio Victor, cantor da banda Psirico.
Mercado - O pagode saiu dos bairros populares de Salvador e do Recôncavo para ganhar a mídia nacional. “O que se verifica é uma espetacularização dessa cultura. A letra, ainda que seja ofensiva, fica submetida ao ritmo que embala o corpo e se reflete apenas como palavras soltas sem conotações desqualificadoras para os seguidores desse gênero musical”, diz o professor da Ufba Clebemilton Gomes, que tem um estudo sobre a leitura do corpo feminino a partir dos pagodes baianos.
Segundo Gomes, o ritmo envolvente das músicas, em alguns casos, sobrepõe as letras sugestivas e são fruídas com naturalidade. No Carnaval do ano passado, por exemplo, Lobo mau, do grupo O Báck, foi uma das músicas mais tocadas e causou polêmica por conta de versos como “Vou te comer/sou o lobo mau”. Houve até quem visse nela incentivo à pedofilia.
Já Céu da boca, de 1989, do grupo Frutos Tropicais, foi regravada por Ivete Sangalo, ganhou participação de Gilberto Gil e foi mais longe: em 2008, acabou entoada pelo irlândes Bono Vox, do U2, durante a sua visita ao Carnaval de Salvador.
Recital - A faceta humorística das músicas carnavalescas virou até tema de um espetáculo teatral, intitulado Novíssimo Recital da Poesia Baiana, da companhia Los Catedrásticos, em 1998. Os atores recitavam as músicas cantadas nos trios elétricos. “Antes, as músicas já tinham o humor feliz. Agora elas são transcedentais”, diz aos risos, o ator Zéu Brito, que fez parte da companhia.
Além das letras, o pagode baiano é também marcado por coreografias que mesclam irreverência e malícia. Coreografias que remetem ao ato sexual é um nincho sempre explorado. “O sexo faz parte de tudo que fazemos. Não vejo problema em falar ou representar isso”, acrescenta Robson Adorno, vocalista da banda Black Style e compositor dos hits Rala a tcheca no asfalto e Amassa a latinha com a bunda.
Fonte: A TARDE