Reserve setenta minutos da sua vida e assista “Saliva-me”, DVD do multiartista Zéu Britto. Gravado no Teatro Livre da Fundição Progresso, o DVD consegue reunir a irreverência ácida dos seus causos musicados com a inusitada estética de um show de rock intimista, num cenário todo montado com cara de canteiro de obras. O desejo de gravar o show já existia e com o apoio dos amigos e do Canal Brasil, tudo tornou-se possível.
Conheci o trabalho do Zéu assistindo o seriado Sexo Frágil, projetando além dele, outros arrtistas como Wagner Moura, Lázaro Ramos, Bruno Garcia e o gigante Derik, atual vocalista do Sepultura. A música de abertura do programa, a “Gosto que me enrosco”, era cantada por Zéu, e no meio das confusões com todos esses atores vestidos de mulher, ele ainda fazia às vezes de um cantor de cabaré, entoando canções nem um pouco românticas como “Soraia Queimada”, música que também virou trilha do “Meu Tio Matou um Cara”, filme que foi parar nas telonas. Um pouco antes, o cantor também gravou a música "Dama de Ouro" que foi tema do filme "Lisbela e o Prisioneiro", filme dirigido por Guel Arraes.
De lá pra cá, Zéu apresentou alguns programas no Canal Brasil, reportagens na Globo e foi entrevistado por três vezes no Programa do Jô, e nessas idas e vindas, ele divulgou o CD e o DVD de mesmo nome. O show do cantor tem um humor abaianado, repleto de referências de Jequié da Bahia, cidade natal do artista, e terra de famosos bregas, como são chamados os prostíbulos por lá. A musicalidade do Zéu tinha, de início, um quê de MPB, já que ele toca muito bem seu violão de nylon e tem uma voz potente, no estilo Zé Ramalho, artifício que o deixa livre para cantar sussurrando e berrar como um vocal de Trash Metal. E quem percebeu a vibe rock do Zéu foi Ivete Sangalo, durante a sua participação cantando "Brega de Leila", música que ilustra a história de uma dona de brega famosa na cidade. Bem legal a passagem da cantora no show, justamente pelo jeito também escancarado.
Por observação do amigo e parceiro André Moraes, que percebeu o tino Rock nas suas composições, Zéu passou a investir na estética pesada da coisa, e pôs as guitarras pra funcionar, e pouco tempo depois de trazer todos os elementos do estilo, com perfeição para a sua música, gravou tudo e começou a divulgar sua identidade artística pelo mundo afora.
Eu sou suspeito pra falar, sou fã desse cara, morro de rir com os causos que conta, e acho uma das figuras mais criativas que existe. Somente uma coisa peço: ao assistir o Zéu no DVD ou no YouTube, não confunda com Mamonas Assassinas ou Rogério Skylab, pois o cara passa por cima disso tudo com bastante originalidade.
Um salve ao baiano Zéu Britto!
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