Estripulias e safadezas de cidadãos da Idade Média são levada s ao palco na adaptação de Decameron, que está em cartaz hoje e amanhã na Capital
A obra clássica Decameron, do escritor Giovanni Boccaccio (1313-1375), ganha adaptação para o teatro no palco do Teatro Pedro Ivo, em Florianópolis, hoje e amanhã, com um elenco estrelado de nove atores e a promessa de muitas risadas.
A montagem chega ao Estado com alguns nomes bem conhecidos no elenco: os globais Maria Paula (do Casseta & Planeta), Marcos Oliveira (o Beiçola, de A Grande Família), George Sauma (o Tatalo, de Toma Lá Dá Cá), Zéu Britto e ainda Camila Rodrigues, Jô Santana, Claudia Borioni, Rose Lima e Hussen Minussi. A direção do espetáculo ficou por conta do ator e diretor Otávio Muller.
A peça apresenta o cotidiano de simplórios artesãos que vivem na Idade Média, e de suas mulheres fogosas. Paixão, infidelidade, comportamento humano, sedução e trapaças sexuais são sempre regadas com muito humor e música. A trilha sonora é composta de canções que foram compostas pelo ator Zéu Britto. Elas são cantadas e tocadas ao vivo pelo elenco durante o espetáculo.
Dentre as histórias narradas, o público vai acompanhar freiras devassas que realizam milagres sexuais, uma esposa traiçoeira com grande habilidade para os negócios, um fugitivo maroto que tenta trapacear, jovens amantes, um criado que perde a cabeça por amor e um simples comerciante que descobre as falcatruas de sua esposa.
Embora de caráter cômico, o texto tem nas entrelinhas – por vezes nem tanto velado – um apelo crítico social, focando a hipocrisia, a queda dos padrões repressivos e morais da sociedade e a crítica ao pensamento religioso na Idade Média.
Revezamento no papel de soberano
Quem for assistir à peça Decameron não deve esperar ver no palco uma fiel reprodução do texto da principal criação de Boccaccio. Longe disso, já que o livro, é um conjunto de cem contos narrados por dez jovens florentinos que saem da cidade italiana e se refugiam num distante castelo para escapar da peste negra.
Os narradores são sete garotas e três rapazes que, enquanto esperam a mortal doença recrudecer, passam o tempo simulando reinados. Cada dia, um deles faz o papel de rei, tendo como tarefa final contar uma história sobre seu reinado.
A obra reúne lendas, anedotas, contos e novelas de procedências variadas e bem enraizadas na realidade da época. Naturalista-renascentista, Giovanni Boccaccio descreve com maestria os fatos e aprofunda psicologicamente os contos. É a arte de contar que o torna o primeiro grande narrador moderno.
Nos anos 1970, o cineasta Pier Paolo Pasolini adaptou o livro, fazendo uma leitura extremamente picante e despudorada para os padrões italianos da época, quando o país ainda vivia os ecos de uma cultura forjada em anos de regime fascista. O Decameron de Pasolini pode ser encontrado em DVD.
Fonte: Diário Catarinense
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